Muitos
falaram que não haveria copa, que o país iria parar e tudo seria um caos.
Ônibus, trem, metro, manifestações, quebra-quebra. O desenho pintado beirava um
apocalipse tupiniquim, mas o que foi visto realmente caracterizou-se mais como
uma Epifânia do que como o último livro das Sagradas Escrituras.
Os
estádios funcionaram, os times deram show dentro das quatro linhas e a festa
invadiu as ruas. Claro que problemas se encontram em todos os lugares e não só
na copa do Brasil, mas na da África e na da Alemanha também entraram em campo.
As criticas que podem surgir – e são extremamente legitimas – são aquelas sobre
o superfaturamento, os preços dos ingressos, para quem a copa foi feita e um
verdadeiro abismo quando comparamos esse evento mundial frente à infraestrutura
do nosso país.
Durante
trinta dias o país, em sua maioria, assistiu,torceu, acompanhou com caneta na
mão e tabela na mesa, jogo por jogo do mundial. O futebol não é o único
pensamento do povo que tira os olhares da política e dos sérios problemas do
nosso país, do nosso governo, da nossa sociedade. Nosso povo sequer coloca os
olhos sobre esses assuntos. Então como dizer que o povo desvia os olhos dos
problemas sérios se eles nunca o colocaram verdadeiramente?
Não
somos um povo político. Nem política temos direito nessa colônia. Aprendemos
que política é enriquecer-se e o slogan eleitoral válido é: “ele rouba, mas ele
faz alguma coisa”. O que nos interessa é se ao final do jogo algum dinheirinho irá
pingar na minha conta estatal.
Não
lemos política, não debatemos política e principalmente não somos ensinados a
fazer política. O futebol não é um pensamento da massa, é a própria massa. A
copa esta acabando e qual será o assunto agora? Política? Não. Campeonato
brasileiro. Isso é tão claro que se numa
roda de conversa o assunto começa a cheira política as pessoas começam a mexer
em seus celulares atualizando seus perfis.
Futebol é o próprio povo. Povo
esse que torce pelo esporte que da certo, para o esporte que esta dando status.
Veja o basquete na época de Oscar, a formula 1 de Ayrton Senna, o tênis de Guga
e a seleção brasileira treinada por Bernardinho. Somos oportunistas por natureza,
não só no esporte, mas na forma de encarar a política. E o governo atual alegra
o seu povo, porque da à oportunidade para aqueles oportunistas que querem
ganhar dinheiro sem precisar entrar em campo e lutar por ele.
Não vejo o futebol como uma alienação.
Alienação são os militantes petistas que não conseguem discutir com outros que pensam
diferentes. Quem consegue conversar com petista? Só outro petista. Porque
qualquer opinião contrária começa o show das frases prontas: “isso é infundado,
pesquise melhor suas informações, você esta sendo contundente, esta tendo uma visão
superficial, leia a reportagem de não sei quem, seus números não são precisos e
tantas outras mais”.
No
dicionário lemos: “Os
indivíduos alienados não têm interesse em ouvir opiniões alheias, e apenas se
preocupam com o que lhe interessa, por isso são pessoas alienadas. Um indivíduo
alienado pode ser também alguém que perdeu a razão, está louco”. E só sendo
louco mesmo para acreditar num presidente que não gosta de ler e numa periquita
de pirata que não consegue administrar uma loja de 1,99. E piratas eles são
desde sempre, deixando no chinelo Jack Sparrow e companhia limitada.
Talvez o
Capitão Gancho inveje a mão do Lula, mas isso é facilmente resolvido com uma
cota para menos favorecidos e uma enxurrada de criticas dos “politicamente
corretos” sobre a canção da Eliana dos dedinhos. Tudo resolvido e bola pra
frente!
Futebol é
feito de oportunidades e fazer gol é ser oportunista. Talvez por isso o nosso
país possua cinco estrelas no peito e infelizmente uma estrela no governo.