sexta-feira, 18 de julho de 2014

A multicoloração da única cor

           Parece que falar contra as cotas raciais é assinar um documento onde você atesta ser racista.  Vivemos a era das minorias, onde o que importa é ser o mais diferente possível para conseguir reclamar não direitos, mas privilégios. “É a era moderna, que separa o mundo em opressores e oprimidos com base em abstrações coletivas” (CONSTANTINO, 2011, p.286).
            Luis Felipe Ponde, filósofo, escreve em seu livro Guia politicamente incorreto da filosofia a grande verdade da nossa sociedade: “A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de grupo de ‘excluídos’: mulheres, negros, gays, aborígenes, índios, marcianos”.
            Hoje para entrar numa faculdade não é necessário mais estudar. Isso é coisa para países evoluídos que diferem assistencialismo de meritocracia. Na colônia chamada Brasil basta você se enquadrar numa minoria e pronto: diploma na mão.
            O problema não esta em apenas dar cotas para negros, índios e surfs, mas mascarar o problema das instituições de ensino. Por que invés de dar cotas, não damos educação de qualidade? Porque não iniciamos um processo educacional verdadeiro e paremos de sucatear o ensino de nosso país? Parece mais fácil dar uma porcentagem das vagas para alunos que nem sabem o que é porcentagem.  
            Nos EUA há mais de 40 anos existe esse privilegio e quando analisamos a condição social do negro o que encontramos? Negros com renda menor e escolaridade inferior à dos brancos.  Cotas não resolvem questões de racismos, nem devem ser medidas temporárias.  É necessário arrumar toda a estrutura que sustenta o negro, o branco, o amarelo no seu percurso educacional. Igualdade não é tirar de quem tem e dar para quem não tem isso o Robin Ou faz, igualdade é dar condições de quem não tem, um dia, com seu esforço poder ter também.
            No Brasil, apenas 25% das pessoas são contrarias as cotas raciais e esse número é bem maior do que o de brasileiros que concluirão uma faculdade. A verdade é que vivemos um “racismo reverso” onde ser branco é questão de ter vergonha e lutar por seus sonhos sendo trabalhador e honesto coisa do passado.    
            Por que um branco deve ceder uma vaga conquistada com mérito a uma pessoa de cor, apenas devido à ancestralidade dela? Se assim o for, tomemos cuidado. Quem sabe um índio não invada a minha casa e reclame de compensação de terras que o homem branco tomou dele?
            A verdade é que nos prendemos num passado e nos esquecemos que temos um presente e nele podemos construir um grande futuro.
            Essa questão de cotas raciais também esbarra em coisas muito simples, como: imagem dois primos, um negro e o outro branco, mas ambos pobres. Porque o negro merece o privilegio e o branco não? Enquanto olharmos o passado e a cor não pintaremos uma nação que finalmente resolveu crescer.
            A grande verdade é que as cotas raciais privilegiam a elite negra burguesa á custa dos pobres brancos, ou você acredita que o negro que “estuda” numa escola onde nem professor tem conseguirá se manter numa USP ou Unicamp?
            Esse privilégio contribui também para aqueles imbecis que acreditam que os profissionais de cor são inferiores confirmando numa possível frase: “Viu? Só entrou por causa de cotas”.
            A beleza de uma sociedade esta justamente na sua multicoloração, mas uma coisa é dar o pincel para pinta-la, outra é entregar o quadro pronto e pedir pra você admirar a paisagem e ali só encontrar um traço mostra os privilegiados dos renegados. Precisamos ter a mente aberta, mas não tão aberta ao ponto de o cérebro nos escapar como dizia Chesterton.