domingo, 29 de junho de 2014

“Verás que um filho teu não foge á luta”

             O Hino Nacional é considerado um dos quatro símbolos oficiais do nosso país, ao lado do selo, da bandeira nacional e das armas nacionais. Foi escrito por Joaquim Osório Duque Estrada no século XIX e tem por características mostrar o que é o povo brasileiro, sua cultura, suas riquezas.
                Durante essa Copa do Mundo escutamos inúmeras vezes nosso hino sendo cantado pelos quatro cantos de nosso país. Mas uma frase em especial me preocupa: “verás que um filho teu não foge á luta”. Talvez estejamos vivendo na atual conjuntura política e social de nossa nação uma verdadeira luta para retirada dessa tão importante marca de nosso povo: um povo trabalhador.
                O governo papai a cada dia que passa coloca mais comida na boca de seus filhos, como um passarinho faz com seu filhote, sem necessitar de esforço e preocupação. O que até então seria louvável e aplaudido torna-se um grave problema.  Parece que esse governo assistencialista ao extremo, paternalista no último nível, quer modificar seu hino nacional quando ele diz: “filho teu não foge a luta”, para “filho teu não precisa lutar”.
                Keyserling, filósofo alemão dizia que “não se pode conseguir nenhum progresso verdadeiro querendo facilitar as coias” e em nosso país não só facilitamos, como deixamos o fácil ainda mais fácil. Que povo estamos construindo? Que sociedade teremos em 2020? Talvez nem precisássemos ir tão longe, mas que sociedade temos agora?
                Estamos formando uma sociedade que não precisa lut ar, que não precisa trabalhar mais, porque o governo entrega de forma sem precedentes mesadas e mesadas à custa de uma pequena classe, essa sim “povo brasileiro”, que ainda não foge a luta e trabalha de sol a sol.
                Trocamos a meritocracia por facilidades. Vestibular? Cota. Concurso publico? Cota. Emprego? Não precisa, ganhará a sua bolsa. Quer que seu filho seja bem sucedido? Receita simples: seja negro, estude em escola publica e se possível procure alguma descendência indígena na sua arvore genealógica que todo o futuro dele estará garantido, sem precisar ficar horas e horas debruçado sobre livros. 
                Não estou aqui defendendo o extremo de uma sociedade sem interferência estatal, mas uma interferência que não mascare os problemas de sua nação entregando tudo de mão beijada e abraçada, sem mostrar que isto esta sendo dado enquanto o problema esta sendo resolvido.
                Nosso país não resolve problemas, ele os esconde debaixo de um lindo tapete, que custou mais caro do se ele resolve-se solucionar a deficiência na hora.
                Trocamos um país que vai a “luta”, para um país que vai ao self service do governo com seu cartãozinho ou sua certidão de nascimento. É um puro “João sem bracismo” macunaímico.
                No livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca lemos uma grande verdade: “Através do pior, nos convencemos ser os melhores. Ninguém em outra parte do globo teve a cara de pau de edificar uma tese na qual o menos gabaritado, o mais incapaz, é eleito de forma triunfal como um ser divinizado por sua absoluta falta de condição de competir com outras culturas, por sua displicente ausência de mérito. Tudo aqui é distribuição. Nada se conquista” (LOBÃO,2013.p.190).
                Essa falta de meritocracia em nossa sociedade atual é um movimento que se alastra não mais pela “revolta do proletariado”, mas pelo novo momento da esquerda política, que acredita que a classe que salvará o mundo não é mais o pobre trabalhador da industria, mas todo tipo de “excluídos”: mulheres, negros, índios,gays, marcianos. No livro Esquerda Caviar além de outras pérolas Rodrigo Constantino diz: “Vitimização grupal, de modo que bastaria nascer parte de alguma ‘minoria’ para merecer privilégios. É a era moderna, que separa o mundo em opressores e oprimidos com base em abstrações coletivas” (CONSTATINO,2013,p.286).
                O slogan do governo: “Brasil: um país de todos” na verdade deveria ser outro: “Brasil: um país dessa minoria, daquela minoria e daquela outra minoria que não esta dentro dessa minoria”.  As cotas raciais (e ainda farei um texto sobre isso) é a própria mostra dessa distribuição, onde a elite negra se beneficia á custa de pobres brancos.
                Enquanto falarmos de raça, falaremos de preconceito. Morgan Freeman em uma entrevista responde quando perguntado sobre o Dia da Consciência Negra: “o dia em que pararmos de nos preocupar com consciência negra, amarela ou branca, e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparecerá”.  Onde esta a igualdade quando se divide em brancos, pretos e amarelos?
                Essa distribuição, esse nivelamento por igual de todos, é tão clássico que o maior exemplo é dentro da sala de aula. Cada vez mais aprendemos que não existe gente que não possa estudar, e até ai concordo, mas dizer que todos são inteligentes, isso é uma burrice. “Os melhores lideram, os médios e medíocres seguem [...] Uma das maiores besteiras em educação é dizer que todos os alunos são iguais em capacidade de produzir e receber conhecimento” (PONDÉ, 2012, p.38).
                Ayn Rand, filósofa norte America afirmava que a maior parte da humanidade sempre viveu ás custas de uma minoria mais capaz e mais inteligente. Poucos carregam muitos como afirma Luis Felipe Pondé em seu Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. Não são opiniões fascistas, mas sim a constatação que não há mais como viver num mundo utópico.
                Talvez nosso hino nacional já não seja mais tão nacional assim, pois estamos transformando um povo lutador em um povo recebedor. Que se acha inteligente, se acha trabalhador e acima de tudo, se acha digno de cantar o hino nacional com a cara pintada de verde amarela tendo por baixo uma pela camada de verniz (custeada pelo governo , é claro).