quarta-feira, 25 de junho de 2014

David de Michelangelo - O Anjo Interior

       O texto que segue abaixo relaciona-se com o livro O Anjo Interior de Chris Widener.  A história conta de um homem que esta com seus trinta anos e não vê sentido na sua vida pessoal e profissional, pois trabalha aonde não quer e ganha menos do que acredita que deva ganhar. Será nesse contexto que ele encontrará com um senhor no meio de uma praça na cidade de Florença na Itália e esse homem, de mais de oitenta anos guiará ele, utilizando da história da escultura David de Michelangelo, em uma descoberta do “anjo interior” que cada um possui e que precisa achá-lo para ser feliz pessoalmente e profissionalmente. “Existe uma obra prima dentro de cada um de nós, esperando para se revelar”.
            A pedra de mármore que Michelangelo utilizou para  esculpir o David foi cortada para ser trabalhada antes de Michelangelo nascer, mas três artistas antes dele renegaram a pedra pois não viam o que poderia ser feito com ela. Até Leonardo da Vinci renegou fazer algo com aquela pedra de mármore, primeiro porque considerava a escultura uma arte menor e segundo porque não via no mármore nada alem de mármore. David estava lá desde o começo, mas foi preciso depois de três “não” Michelangelo surgir e transformar aquilo em obra de arte.
            Há inúmeras estatuas de David, mas a de Michelangelo possui uma característica diferenciada que é a imagem de David antes da batalha com o Golias. A maioria das esculturas e imagem mostram ele após o combate com o gigante e com a cabeça do Golias ao chão. 
            Ele faz ao contrario, pois quer mostrar a situação política da época. A Itália não estava unificava. Havia muitos feudos e cidades, como Florença, que viviam constantemente preocupados com ataques de exércitos. Naquela época estatuas valiam por sua beleza, é claro, mas também serviam como afirmações políticas de poder. A de Davi foi feita para ficar em um lugar importante, com o intuito de dar um recado ao povo de Florença e a qualquer um que pensasse em atacá-la.  A confiança que Davi sentia antes de sua batalha era a mesma que o artista queria que Florença mostrasse a quem pensasse em conquistá-la.
            A estatua do Davi nos ensina também a dar valor aos detalhes. O fator que torna uma estatua conhecida por homens e mulheres de todas as culturas é a ênfase nos detalhes.  “A maioria das pessoas realiza trabalhos de qualidade mediana. Algumas ficam acima da média. Os mestres, aqueles que obtêm enorme sucesso e estabelecem os padrões para os outros, são os que dominam os detalhes”. Isso demonstra como os grandes artistas preocupavam-se com os detalhes, pois estudavam muito anatomia e dessecavam cadáveres para ver como funcionava os músculos e as articulações para depois colocarem isso em seus pinturas e esculturas.  
            Michelangelo era escritor também. Tanto quem em um de seus sonetos demonstra que pensamento sem ação não valem de nada.

         O mármore ainda não esculpido pode conter a forma
         de cada ideia que o grande artista tem
         mas nenhuma concepção jamais vai se realizar
         a menos que a mão obedeça ao intelecto

            Michelangelo sabia que o nosso mundo, assim como a estatua é necessário uma junção entre o brilhantismo da mente com a firmeza e habilidade das mãos.
            A escultura vai nos ensinar também que é necessário planejamento. Não daria certo pegar uma pedra de mármore e lascar o cinzel nela e ver no que vai dar. É preciso planejamento.  Toda obra de arte necessita de desejos, formas, contornos. Nenhum artista vai quebrando o mármore sem ter já criado no papel, ou em outros protótipos aquilo que ele queira que vire aquele pedaço de pedra.
            E o interessante é perceber que “ninguém começa pela capela cistina” ou seja, ninguém começa por cima, é necessário uma luta, até Michelangelo chegar na capela cistina ele teve outras obras de arte.

Bibliografia:
WIDENER, Chris, O Anjo Interior. Rio de Janeiro, Sextante, 2009.