O texto que segue abaixo relaciona-se com o livro O Anjo Interior de Chris Widener. A história conta de um homem que esta com seus trinta anos e não
vê sentido na sua vida pessoal e profissional, pois trabalha aonde não quer e
ganha menos do que acredita que deva ganhar. Será nesse contexto que ele
encontrará com um senhor no meio de uma praça na cidade de Florença na Itália e
esse homem, de mais de oitenta anos guiará ele, utilizando da história da
escultura David de Michelangelo, em uma descoberta do “anjo interior” que cada
um possui e que precisa achá-lo para ser feliz pessoalmente e profissionalmente.
“Existe uma obra prima dentro de cada um de nós, esperando para se revelar”.
A pedra de mármore que Michelangelo utilizou para esculpir o David foi cortada para ser trabalhada antes de
Michelangelo nascer, mas três artistas antes dele renegaram a pedra pois não
viam o que poderia ser feito com ela. Até Leonardo da Vinci renegou fazer algo
com aquela pedra de mármore, primeiro porque considerava a escultura uma arte
menor e segundo porque não via no mármore nada alem de mármore. David estava lá
desde o começo, mas foi preciso depois de três “não” Michelangelo surgir e
transformar aquilo em obra de arte.
Há inúmeras estatuas de David, mas a de Michelangelo possui uma
característica diferenciada que é a imagem de David antes da batalha com o
Golias. A maioria das esculturas e imagem mostram ele após o combate com o
gigante e com a cabeça do Golias ao chão.
Ele faz ao contrario, pois quer mostrar a situação política da época. A
Itália não estava unificava. Havia muitos feudos e cidades, como Florença, que
viviam constantemente preocupados com ataques de exércitos. Naquela época
estatuas valiam por sua beleza, é claro, mas também serviam como afirmações
políticas de poder. A de Davi foi feita para ficar em um lugar importante, com o intuito de
dar um recado ao povo de Florença e a qualquer um que pensasse em
atacá-la. A confiança que Davi sentia antes de
sua batalha era a mesma que o artista queria que Florença mostrasse a quem
pensasse em conquistá-la.
A estatua do Davi nos ensina também a dar valor aos detalhes. O fator
que torna uma estatua conhecida por homens e mulheres de todas as culturas é a
ênfase nos detalhes. “A maioria das pessoas realiza
trabalhos de qualidade mediana. Algumas ficam acima da média. Os mestres,
aqueles que obtêm enorme sucesso e estabelecem os padrões para os outros, são
os que dominam os detalhes”. Isso demonstra como os grandes artistas
preocupavam-se com os detalhes, pois estudavam muito anatomia e dessecavam
cadáveres para ver como funcionava os músculos e as articulações para depois
colocarem isso em seus pinturas e esculturas.
Michelangelo era escritor também. Tanto quem em um de seus sonetos
demonstra que pensamento sem ação não valem de nada.
O mármore ainda não
esculpido pode conter a forma
de cada ideia que o grande
artista tem
mas nenhuma concepção
jamais vai se realizar
a menos que a mão
obedeça ao intelecto
Michelangelo sabia que o nosso mundo, assim como a estatua é necessário
uma junção entre o brilhantismo da mente com a firmeza e habilidade das mãos.
A escultura vai nos ensinar também que é necessário planejamento. Não
daria certo pegar uma pedra de mármore e lascar o cinzel nela e ver no que vai
dar. É preciso planejamento. Toda obra de arte
necessita de desejos, formas, contornos. Nenhum artista vai quebrando o mármore
sem ter já criado no papel, ou em outros protótipos aquilo que ele queira que
vire aquele pedaço de pedra.
E o interessante é perceber que “ninguém começa pela capela cistina” ou
seja, ninguém começa por cima, é necessário uma luta, até Michelangelo chegar
na capela cistina ele teve outras obras de arte.
Bibliografia:
WIDENER, Chris, O Anjo Interior.
Rio de Janeiro, Sextante, 2009.